Você pensa em terminar seu relacionamento, mas tem medo das consequências do término para os seus filhos? Nós temos uma notícia pra você: o fim da relação não vai prejudicá-los e ainda pode ser benéfico para eles e, é por isso, que estamos aqui pra falar um pouco mais sobre o contato mínimo.
O que é Contato Mínimo?
Na metodologia Não Era Amor existe o contato zero, uma estratégia para tirar a vítima de um relacionamento abusivo da violência e dar condições para que ela se fortaleça, se cure e consiga sair do ciclo do abuso. Ele é indicado quando a mulher está terminando ou já terminou a relação e tem como objetivo a ausência total de proximidade com o abusador, seu familiares e amigos.
No caso das mulheres que têm filhos com o parceiro o contato zero é adaptado para o contato mínimo, onde os diálogos existem apenas para lidar com a temática relacionada a paternidade.
O que não é Contato Mínimo?
Não é considerado contato mínimo quando o assunto começa a ir além da conversa sobre os filhos e extrapola os temas relacionados à rotina das crianças, os detalhes de convivência, horários e dias de visita e decisões que envolvem a família. Ou ainda quando uma das partes leva essa relação para o lado pessoal e afetivo, o que pode acontecer tanto da parte da mulher, quanto da do abusador.
A falha nesse contato mínimo pode ser vista em algumas formas: na tentativa de se reaproximar, o pai usa os filhos pra manipular e mantem a ex-parceira no abuso, que nessa fase geralmente vem disfarçado de afeto. Além disso, é possível também que a mulher use esse contato para romantizar a relação e criar esperanças de que o parceiro deixou de ser abusivo com o término.
Porque é necessário manter o Contato Mínimo?
Quando o contato mínimo não é estabelecido podemos perceber duas particularidades bem comuns. A primeira, como já mencionamos acima, é a esperança de que tudo seja diferente após o fim da relação. A segunda, é a possibilidade de a mãe não perceber que existe a chance do ex-parceiro não ser um bom pai e até mesmo transformar atitudes mínimas vindas dele em atos grandiosos.
O distanciamento do término é importante para ver com clareza essa situação e perceber que na verdade as coisas não são tão boas assim.
Terminar não vai prejudicar seus filhos
Você provavelmente já se questionou se o término vai afetar muito os seus filhos, se será prejudicial na rotina ou até mesmo já pensou em se manter em um relacionamento onde não está feliz por causa deles, não é mesmo? Pois é exatamente o contrário. É justamente pelos seus filhos que você não deve continuar em uma relação onde há violência.
Por isso, é preciso também entendermos sobre o ideal de família que você tem construído em sua cabeça. Essa idealização está atrelada à violência? Qual o preço a ser pago para viver esse conceito estabelecido? É importante não esquecermos nunca que abuso e família são totalmente opostos.
Além disso, de acordo com as pesquisas, as características de um abusador são incompatíveis com as de um bom pai e grande parte dos abusadores não consegue exercer a paternidade de uma boa forma.
Os impactos de um relacionamento abusivo para a criança
As possibilidades de seus filhos sofrerem com a separação são menores do que quando crescem vendo a mãe passando por abuso.
Existe uma transmissão geracional que faz com que relacionamentos abusivos, gerem mais relacionamentos abusivos, ou seja, caso sua filha entre em uma relação violenta ela tem mais chance de demorar para sair dela, pois aprendeu desde cedo que a mulher é culpada, que é dela o dever de sustentar a parte emocional de um namoro ou casamento e também que ela tem a obrigação de salvar uma relação. Portanto, quando você se liberta, você está libertando também as próximas gerações.
O que o judiciário garante para você e seus filhos no término?
Os direitos dos filhos, como pensão alimentícia, guarda e convivência com o pai, estarão sempre protegidos. Logo no início do processo de divórcio/dissolução (link processo de divórcio) de união estável, vai ser fixada a pensão e a guarda provisória dos filhos.
Caso o pai não cumpra essas obrigações, deixando de pagar pensão ou desrespeitando o regime de convivência, por exemplo, existem medidas jurídicas para forçá-lo a cumprir. Para esses casos, é importante ter provas do descumprimento, como prints de mensagens pelo WhatsApp, já que tudo deve ser feito judicialmente, por meio de advogada.
Sim, tudo o que diz respeito aos filhos precisa passar por uma juíza, mesmo que a separação seja consensual. A decisão judicial é essencial para trazer segurança para você e seus filhos, pois só assim você poderá exigir o cumprimento de obrigações que venham a ser descumpridas pelo pai, como, por exemplo, o pagamento da pensão na data certa e o cumprimento do regime de convivência.
Nesse momento de término e acordos judiciais, muitas mães sofrem pressão de todos os lados e têm medo de serem acusadas de praticar alienação parental por não permitirem que os filhos fiquem com o pai fora dos dias determinados no regime de convivência. Por isso, é tão importante ter provas de que você não está impedindo a convivência e o bom relacionamento dos filhos com o pai.
Mais uma vez, podemos contar com a tecnologia para produzir essas provas. Se, por exemplo, o pai exige passar um fim de semana que não seria dele com a criança, você pode registrar por mensagem o motivo de não ter deixado. Os prints dessas mensagens poderão ser usados como prova.
Você não precisa passar por isso sozinha
É muito comum que os abusadores usem os filhos como arma para manter o abuso e a dependência da mulher. Se você passa por essa situação e está com dificuldades de estabelecer o contato mínimo busque uma rede de apoio para te ajudar na mediação dessa relação.
Uma dica é eleger apenas um meio de contato para falar exclusivamente sobre os filhos e marcar os encontros na escola ou na casa de algum parente.
O apoio de uma advogada também será essencial para te deixar a par de todos os seus direitos e impedir que seu ex-parceiro manipule os fatos ou minta sobre as leis, mas lembre-se que essa é apenas uma das ferramentas que você pode utilizar.
Procure também ajuda de psicólogas especializadas, tanto para seus filhos quanto para fechar suas frestas emocionais e te auxiliar nesse processo de cura. E lembre-se, uma boa mãe é uma mãe feliz.