Do psicológico ao físico. Do mais sutil, que te deixa feridas emocionais à violência clara, que traz marcas na pele. Em um relacionamento abusivo existem 6 diferentes tipos de abuso e, se alguma das frases acima soou familiar para você, é bem provável que você esteja passando por um ou vários deles.
Antes de entrar em cada um dos tipos de violência, precisamos primeiro reforçar o que é um Relacionamento Abusivo para a Não Era Amor. Para nós, é quando a base do relacionamento é o abuso e há discrepância no poder de um em relação ao outro, ou seja, uma posição hierárquica de desigualdade. É uma relação onde existe violência/abuso verbal, emocional, psicológica, física, sexual, financeira e/ou tecnológica. Normalmente, como há diferença de poder é comum perder o limiar do que é aceitável ou não em função das demandas de um outro que a tudo comanda.
Os diferentes tipos de abuso ou tipos de violência muitas vezes passam despercebidos por acontecerem em relacionamentos duradouros, onde os maus tratos aparecem disfarçados de amor, zelo e preocupação.
Como falamos acima, existem abusos psicológico, físico, tecnológico, financeiro, patrimonial e sexual. Conheça mais sobre cada um deles e aprenda a perceber quando estiverem acontecendo com você ou com alguém próximo.
Abuso emocional ou psicológico
Xingamentos, controle, posse, manipulações, chantagens, excesso de instabilidade na relação, medo, humilhação… O abuso psicológico ou violência emocional se manifesta em diversas dessas formas.
Nele, é comum que a vítima sinta que deixou de ser ela mesma e que também peça desculpas por um erro que não cometeu. Esse é um tipo de abuso que pode acontecer de forma explícita ou bastante sutil, o que dificulta sua percepção e causa confusão em quem está passando por ele.Isso acontece porque as manipulações são muitas vezes disfarçadas de carinho, cuidado e preocupação.
Está em dúvida se isso ocorre com você? Esse tipo de abuso normalmente te faz questionar a si mesma, duvidar do seu potencial e da sua percepção. Então se faça algumas dessas perguntas: sente-se culpada? Passa mais tempo irritada, exausta e triste do que feliz? Se respondeu sim, fique alerta! Não é porque não há agressão física ou xingamentos que não é um relacionamento abusivo.
Abuso Físico
Ele “nunca te bateu”, mas já puxou seu braço, já te beliscou, te segurou forte ou usou da força física para “te acalmar”. Ele não te agride, mas desconta a raiva batendo em mesas, portas, paredes e objetos, como forma de demonstrar o seu poder e fazer ameaças veladas: você será a próxima.
A agressão física não é caracterizada apenas pelo espancamento, ela vai além de um tapa ou um empurrão, lembre-se: o que começa com um grito pode sim se tornar um tapa futuramente. É comum também que o abusador após ser agressivo ou violento peça desculpas, chore e prometa que não vai mais repetir esse comportamento. Tal arrependimento é um dos estágios do ciclo da violência.
Abuso Sexual
O abuso sexual não acontece somente quando há estupro. Se sentir forçada a fazer algo que não quer através de chantagens, ameaças, força física, manipulações e mentiras também é um indicativo dessa violência.
Quando há abuso sexual no relacionamento a vítima faz coisas contra a sua vontade para agradar o parceiro ou para evitar conflito, discussões ou que ele se torne violento. Em muitos casos, essa pressão para satisfazer o abusador faz com que ele não aceite não e insista bastante até que a mulher acabe cedendo.
Não se esqueça que suas escolhas devem ser respeitadas no que diz respeito ao que você quer ou não fazer, ou até mesmo sua forma de prevenção, como por exemplo, não admita a proibição de uso de anticoncepcionais ou ato sexual não seguro (tirar/furar a camisinha no meio do ato sexual). Jamais terceirize sua saúde!
Se você escuta frases do tipo “Se me amasse de verdade você faria isso” ou “Todas as mulheres fazem isso, você deveria fazer também” antes ou durante relações sexuais com seu parceiro pode estar em um relacionamento abusivo. Procure ajuda!
Importante: o abuso sexual não acontece só entre desconhecidos. Não é porque você está em um relacionamento que é obrigada a fazer o que não quer. Não há nada de errado em dizer “sim” para algumas coisas e “não” para outras.
Abuso financeiro
Se você chegou até aqui, já sabe que os relacionamentos abusivos envolvem diferentes tipos de agressões, além das físicas. O abuso financeiro vai além de um tipo de violência em si e é, também, um dos principais fatores que impossibilitam a saída da mulher da relação.
Esse tipo de abuso é um dos principais motivos para o alto número de violência contra a mulher, pois, sem renda própria elas são manipuladas, humilhadas, controladas e até agredidas física e sexualmente. Isso não quer dizer que mulheres independentes financeiramente também não entrem em relacionamentos abusivos, mas a dependência financeira dificulta a saída desses relacionamentos.
O abuso pode começar de forma sutil, quando o parceiro te controla com presentes e dinheiro, te deixando dependente daquela ação. Ou até mesmo quando na rotina você deixa que ele tome decisões financeiras por você.
Se você não tem conta bancária pessoal, acesso ao crédito ou ao seu cartão, se ele controla seus gastos e te manipula através do dinheiro. Se você escuta frases do tipo: “onde você vai morar se se separar de mim?” e “cancelei seu cartão, você não pode pagar um advogado se não tiver dinheiro.” “saia já dessa casa!”, provavelmente você está em um relacionamento abusivo.
Reter o cartão de crédito, ameaçar e/ou manipular para que a mulher não trabalhe, provocar demissão da parceira, brigar porque a mulher ganha mais ou cresceu na carreira, determinar como gerir o salário que ela recebe, são também alguns exemplos.
Abuso Patrimonial
Entre todos os tipos de abuso, a violência patrimonial é a menos conhecida. Ela ocorre quando o parceiro não deixa a mulher trabalhar, oculta bens, destrói objetos e documentos.
Nesse quadro de abuso é comum que aconteçam as seguintes situações: colocar a pessoa para fora de casa, queimar roupas. É frequente também nesses casos destruir ou vender os pertences da vítima, caso ela resolva sair de casa. Essa é uma forma de controle que tira a autonomia da mulher e faz com que ela permaneça em uma situação violenta.
Abuso Tecnológico
Você está online e não fala comigo. Com quem você está conversando? Coloque no seu perfil uma foto de nós dois juntos…
O abuso tecnológico expressa a violência nos relacionamentos atuais e envolve desde o controle velado das redes sociais da vítima, até insistência em obter senhas pessoais, controle de conversas, curtidas e amizades online. Além de monitoramento de celular, disseminação de fotos, vídeos e mensagem íntimas e/ou constrangedoras da parceira sem consentimento, hackeamento do celular, instalação de câmeras escondidas e ameaças e insultos em mídias sociais, controle de postagens e comunicações realizadas.
Abuso Intelectual
Para a Não Era Amor, o abuso intelectual é quando o abusador ignora, debocha ou cerceia sua forma de pensar, invade toda a sua tomada de decisão ou, ainda, reprime sua liberdade, colocando regras rígidas em suas escolhas. Esse tipo de abuso acontece em conjunto com outras formas de violência e acomete mulheres em diferentes posições da sociedade e da carreira: quanto mais alto o cargo, mais propensa ela está de sofrer abuso intelectual. Ele funciona como um silenciamento, uma forma de fazer com que a mulher não emita sua opinião e pode ser visto em diversas áreas da vida, mas principalmente em meios acadêmicos e profissionais, envolvendo críticas por diferentes formas de aprendizagem ou, por exemplo, pelo modo de pensar ou interesses intelectuais divergentes aos do abusador. Portanto, é considerado abuso intelectual quando:
- Tem seu pensamento ridicularizado
- É silenciada ou impedida de se expressar
- Sofre repressão da liberdade de pensamento
- O abusador decide por você e invade toda a sua tomada de decisão
- Há desrespeito por diferentes formas de aprendizagem ou interesses intelectuais
- Há desvalorização de opiniões
- Colocam regras muito rígidas nas suas decisões
- Chamam de burra, estúpida, lenta.
Fique atenta aos sinais
Muitas mulheres continuam em um relacionamento abusivo porque não sabem nada sobre os sinais de alertas e padrões desse tipo de violência. E, por mais que pareça óbvio para quem está de fora, é sempre bom lembrar: você não é a única, não precisa passar por isso sozinha e não, isso não é sua culpa.
O abuso e a agressão só continuam onde há silêncio. Portanto, não releve o que está sentindo. Conte para uma amiga que você confia e procure uma psicóloga para te ouvir sem julgamentos. O isolamento e a vergonha te afastam de pessoas que podem te ajudar a sair do abuso. Converse!