Qual o papel do isolamento social para manter mulheres em relacionamentos abusivos?

Antes de começar esse texto queremos que você se lembre qual foi a última vez que se encontrou com suas amigas, contou sobre sua vida para uma pessoa próxima ou passou momentos despreocupadamente com sua família? Se você não se lembra ou se isso não acontece há muito tempo pode ser que esteja passando por uma das fases de construção do relacionamento abusivo: o isolamento social.

O isolamento social é uma estratégia usada pelo abusador para que a mulher fique mais dependente dele e permaneça sob seu controle. Sua função é afastar da vítima toda e qualquer pessoa que possa questionar ou perceber a violência e, consequentemente, tirá-la de seu domínio.  

Quando uma mulher está isolada, seja fisicamente – por morar longe ou estar impedida de contato presencial – ou emocionalmente  – por estar imersa nos efeitos psicológicos do abuso, com vergonha de contar o que está passando e até com medo das pessoas serem contra sua relação – ela não compartilha o que vive e não se conecta emocionalmente às pessoas. Ou seja, não tem ninguém para interceder ou levar informação e acolhimento sobre o que está passando. 

A função do isolamento, portanto, é manter a mulher no ciclo da violência e garantir que todo o seu tempo seja ocupado em dedicação ao relacionamento abusivo, mantendo todos os privilégios demandados pelo abusador. Assim, ao voltar para o convívio social, a vítima consegue resgatar coisas que são importantes para ela, sua personalidade, valores, desejos e, consequentemente, voltar ao centro de sua própria vida. Mas para que isso aconteça, ela precisa de um acolhimento especial: a rede de apoio.

Qual a importância da rede de apoio para sair do isolamento social?

Como explicamos anteriormente, o isolamento social tem o papel de afastar a vítima de pessoas que potencialmente poderiam ajudá-la a sair do relacionamento abusivo. Só por aí, já conseguimos perceber a importância sumária que o apoio tem para salvar mulheres dessa violência, não é? Isso porque é através desse acolhimento que a vítima se sentirá validada em suas questões, ao contrário do que sente constantemente quando está no abuso e tem seus sentimentos manipulados, confundidos e controlados.

Portanto, essa rede de apoio pode ser toda pessoa ou grupo que forneça suporte, informação, escuta e acolhimento, seja emocional, jurídico ou financeiro, para ajudá-la a compreender a dinâmica do abuso, encontrar caminhos para sair do ciclo de violência e se recuperar dos danos, consequências, efeitos psicológicos e traumas gerados pelo relacionamento.  

Lembre-se que o importante aqui é qualidade e não quantidade: comece procurando uma pessoa que possa te acolher e escutar, uma amiga de confiança e depois isso se expandirá.

A rede de apoio ajuda na recuperação de traumas

A rede de apoio é fundamental para que a vítima consiga se recuperar dos efeitos traumáticos de um relacionamento abusivo, pois é por meio dela que a mulher encontra espaço para compartilhar suas vivências e receber acolhimento. Sem esse amparo, o trauma pode ser vivenciado de forma mais intensa e gerar mais danos. 

Em contrapartida, quando se pode contar com essa rede, o processo de recuperação é facilitado, possibilita que a memória do trauma seja resgatada e o acolhimento às feridas ocorra. Dessa forma, a vítima é amparada para lidar com as consequências e sintomas em sua vida, podendo recuperar a confiança nas pessoas e diminuir o efeito de generalização, ou seja, o medo de que todo mundo a machuque da mesma forma que o abusador.

Outro ponto importante da rede de apoio é contribuir para a retomada do senso de comunidade e conexão com o todo, perdidos pelo trauma.

Nem sempre a rede de apoio será uma rede afetiva

Você pode encontrar acolhimento nos mais diversos lugares e pessoas. Para que esse apoio seja válido é preciso, apenas, que ele venha de pessoas que se comprometam ativamente em ajudar, que entendam a dinâmica do trauma, não julguem e não forcem a vítima a falar exaustivamente sobre o ocorrido. Pode ser a atendente do balcão da padaria, o porteiro, uma vizinha, a terapeuta ou advogada. Portanto, nem sempre essa ajuda virá na forma mais esperada, como a de pessoas da família, até mesmo pelo fato do abusador ser muito habilidoso socialmente e capaz de manipular inclusive seu ciclo mais próximo. 

Ajuda especializada também é uma forma de apoio

Um relacionamento abusivo traz consigo diversos efeitos psicológicos como culpa, medo e confusão mental. Tudo isso pode fazer com que essa mulher se sinta julgada, envergonhada e com receio de compartilhar suas dores e traumas com pessoas próximas. Nesses casos, pode ser que a ajuda especializada seja o único lugar no qual ela se sinta acolhida e segura verdadeiramente. 

Além disso, quando se busca terapia especializada a mulher tem o apoio profissional de alguém com conhecimentos  específicos sobre os padrões e os riscos que representam a saúde física e psicológica da mulher, sendo mais assertivo na hora de ajudá-la a perceber o abuso, tratar dos traumas e efeitos, e desenvolver estratégias para sair da violência, minimizando danos à sua integridade física e emocional.

Você não está sozinha!

Ninguém precisa enfrentar sozinha o abuso, a violência e os traumas que um relacionamento abusivo causam. Conte com a sua rede de apoio para passar por isso de maneira mais segura, confiante e confortável. Ao contar sobre o que está vivendo, mesmo que para apenas uma pessoa, será possível entrar em contato com outras histórias e até mesmo perceber que outras mulheres também passam ou já passaram pelo menos que você. E, assim como elas, você também vai conseguir retomar o controle sobre sua vida.

Se você chegou até aqui, é hora de dar o primeiro passo: procure alguém de sua confiança ou uma profissional especializada (psicóloga e advogada) e comece a falar sobre o que está passando. Um pouco de cada vez.

Tem uma amiga que está em um relacionamento abusivo? Clique aqui e saiba como ajudá-la de forma efetiva.

Informação é liberdade. Acolhimento é fortaleza!


Redação: Thay Tanure, Redatora da Não Era Amor
Conteúdo e revisão: Pollyanna Abreu, Psicóloga e Fundadora da Não Era Amor

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